Santa Ceia e o único cálice

Apresentação: Irmão Daniel: 

A santa Ceia em minha comum se aproxima e com ela a fatídica realidade de ter que tomar vinho no cálix, onde cerca de 150 pessoas colocarão a boca.


Não gosto desta idéia, e defendo com unhas e dentes a utilização de copos descartáveis para a distribuição do vinho.

Há alguns crentes que, com pensamento extremamente místico, acreditam que após a oração o vinho torna-se sangue de Cristo, e portanto, livre de qualquer tipo de transmissão de doenças ou restos de saliva e pão sendo transmitidos de boca em boca.

Para a irmãs fica mais fácil, minha esposa por exemplo é sempre a primeira a tomar santa Ceia. Fica em pé lá trás esperando a fila ser formada e quando ela percebe sai em primeiro lugar, evitando assim, beber no mesmo cálix que todo mundo bebeu.

Outro aspecto da santa Ceia que me incomoda é o fato de termos que tomar de joelhos, enquanto os que servem ficam em pé.

Ora, se é o símbolo de uma mesa, por que ficarmos de joelhos? Afinal, quem se ajoelha pra comer, e se a desculpa for o contexto histórico, na época de Jesus, as pessoas se deitavam para comer, nem se sentavam, nem se ajoelhavam.

Mas é assunto pra outro texto.
Há um excelente texto do irmão Mário, que esclarece sobre o cálix único.

Veja:


-Cálice compartilhado em Santa Ceia 

Há algum tempo a questão do cálice único na Santa Ceia tem alimentado discussões entre os irmãos pró e contra a utilização do cálice único.

Antes de tudo é importante compreendermos o real significado da Santa Ceia, para então compreendermos que qualquer forma de distribuição do pão e do vinho, desde que seja executada de forma respeitosa, é valida.

A Santa Ceia um sacramento instituído por Jesus Cristo na noite em que Ele e os apóstolos observavam a Páscoa judaica (Lucas 22:19), festa a qual Jesus atribuiu novo significado. A Ceia do Senhor firmou uma Nova Aliança entre Deus e os homens (Lucas 22:20), nela come-se um alimento material que simboliza o corpo de Cristo, tomamos uma bebida material que simboliza o sangue de Cristo que verteu na cruz do Calvário para perdão dos nossos pecados. Portanto, os símbolos do corpo e sangue de Cristo estão contidos nos alimentos (pão e vinho) e não no cálice ou bandeja que são usados para servi-los. Muitos cristãos preferem manter a tradição do Cálice único por causa do simbolismo, pois, representa a unidade do corpo de Cristo – a Igreja, e porque o próprio Jesus Cristo pode ter utilizado um único cálice na Ceia; já outros citando Lucas 22:17 interpretam que o fato de Jesus recomendar que os apóstolos repartissem o conteúdo do cálice entre eles dá a base para afirmação de que orava-se sobre um único cálice que depois era repartido em vários cálices.

Embora a Santa Ceia seja um sacramento instituído por Jesus, sua administração envolve formas e aspectos exteriores, definidos pela tradição ou instituição humana, que são dispensáveis, exemplos:

- tipo de pão: (cor: branco, preto, azimo;
-forma do pão: (inteiro, pedaços, hóstia);
-tipo de bebida: (suco de uva, vinho tinto ou rose);
-forma de distribuição: (cálice único ou individual);
-recepção: (ajoelhados ou em pé);
-freqüência: (diário, semanal, mensal ou anual).

Qualquer outra denominação, para decidir-se sobre a forma e realização de sua Santa Ceia, pode basear-se na sua liberdade cristã, na sua liberdade legal (Artigo 5º da Constituição Federal), ou então considerando a preocupação quanto a doenças contagiosas que podem ser disseminadas pelo uso do cálice único. Da mesma forma os fiéis podem manifestar-se sobre o assunto em sua liberdade cristã e na liberdade legal assegurada pelo mesmo Art. 5º da constituição federal, que também assegura a liberdade de consciência e expressão.

Afinal pode o cálice único transmitir doenças???

A forma de como é efetuada a distribuição do pão e do vinho durante uma Santa Ceia foi instituída pelos primeiros crentes, não cabe a ciência dizer se a forma está certa ou errada, porém, com os avançados do conhecimento científico, principalmente da microbiologia, é possível dar uma parecer sobre infecções que podem ser adquiridas através da via oral pelo compartilhamento do cálice entre os fiéis.

Pasteur foi um cientista francês que contribuiu enormemente com pesquisas nas áreas da química e medicina, principalmente quanto ao estudo dos microorganismos, tanto é que um dos mais importantes processos industriais de assepsia/esterilização deriva de seu próprio nome: Pasteurização – um processo que na época foi desenvolvido sob encomenda para produtores de vinho, cerveja e leite que sofriam com a deterioração de seus produtos por causa da ação de microorganismos invisíveis.

O processo de pasteurização do leite consiste em aquecer o leite a temperatura de 62ºC durante 30 minutos, e tem por objetivo eliminar os microorganismos patogênicos (que causam doenças), deixando vivos apenas os microorganismos que não causam danos a saúde humana. Existem inúmeros processos de eliminação de microorganismos, porém, não cabe listar todos, pois, tornará o texto cansativo. É importante lembrar que em 1885, a descoberta da relação entre microorganismos e doenças permitiu que fossem desenvolvidas técnicas de assepsia de materiais cirúrgicos, o que reduziu significativamente o numero de mortos por conta de infecções contraídas nos hospitais e/ou atendimento médico domiciliar com instrumentos contaminados por microorganismos.

Os religiosos dizem tomar alguns cuidados para que não haja contagio de doenças pelo compartilhamento do cálice durante a Santa Ceia, não se pode deixar de informar ao leitor que no mundo todo, nos milhares de livros que registram os estudos sobre método de assepsia/esterilização e também estudos sobre prevenção de doenças contagiosas, não existe menção aos métodos adotados pelos religiosos para diminuir os riscos de se contrair doenças pelo compartilhamento do cálice. Vejamos alguns métodos comumente adotados:

1) A limpeza do cálice com um pano: o simples esfregar de um pano não é suficiente para eliminar microorganismos presente no cálice. O pano quando friccionado de um lado para o outro, acaba contribuindo para que o espalhamento da saliva dos participantes, portanto, com uma área maior, maiores são os riscos. A ineficiência deste método pode ser comprovada por uma experiência simples, quando for tomar uma injeção peça que o enfermeiro limpe a agulha com um pano e aguarde para ver o que acontece.

2) O álcool presente no vinho mata os micróbios: a concentração de álcool presente no vinho não é suficiente para eliminar microorganismos, o que é facilmente comprovado quando o vinho em contato com o ar azeda (vira vinagre), isso acontece porque microorganismos convertem o vinho em vinagre (ácido acético).

3) O cálice ser de prata: cientificamente não há nada que comprove o poder asséptico da prata, tanto é que os instrumentos dos dentistas, que são confeccionados em prata, necessitam ser esterilizados antes do uso. A esterilização desses materiais se dá em condições mais criticas que a pasteurização (62º C/ 30 min.) de acordo com o instrumento a ser esterilizado a temperatura fica entre 121ºC e 134ºC, e sob pressão.

4) A saliva mata os germes: a saliva não mata os germes, se esta afirmação fosse verdadeira não haveria ocorrência de cárie, gengivite e outras doenças bucais.

A quais doenças eu estou exposto(a) numa Santa Ceia onde o uso do cálice é compartilhado entre os fiéis?????

Seria enorme a lista com todas as doenças que podem ser contraídas em uma Santa Ceia onde o cálice é compartilhado por todos os membros, uma porque é existe infinito numero de microorganismos já catalogados pelo homem e outra infinita quantidade ainda é desconhecida. Vamos apresentar as enfermidades mais comuns, ou seja, as que mais se manifestam com certeza você leitor já teve ou ouviu falar de alguém que teve algumas dessas enfermidades:

Amigdalite, pneumonia, faringite, bronquite, escarlatina, febre reumática, meningite, tuberculose, hanseníase, endocardite, gripe, hepatite viral, caxumba, sarampo, rubéola, herpes labial, micoses, sífilis, chagas, entre outras.


É importante lembrar que uma doença só é transmitida caso a pessoa contagiada seja suscetível a doença, e que algumas enfermidades podem não apresentar sintomas.

Algumas denominações no inicio da Santa Ceia pede que os que são portadores de doenças infecto contagiosas sejam os últimos a tomá-la, existem doenças que não apresentam sintomas e muitos nem sabem que são portadores de enfermidades contagiosas, outros podem ter vergonha de assumir publicamente que é portador de doenças infecto contagiosa.

E fica uma pergunta: E quando houver mais que um membro portador de doença infecto-contagiosa, como será servido a Ceia a eles???

Conclusão como cristão: A Santa Ceia é um sacramento instituído e recomendado por Jesus Cristo, a substituição do cálice compartilhado por cálices individuais necessita de uma profunda reflexão do ministério, pois não envolve somente os símbolos de um evento religioso, mas a crença de todo o rebanho em um conceito já difundido e aceito.

O cálice tem grande valor simbólico numa Santa Ceia, mas é algo secundário, os principais símbolos da Santa Ceia são o pão e o vinho, representando respectivamente o corpo e o sangue de Cristo, por isso, entendo que a adoção de cálice individual em substituição do cálice único não provoca prejuízos espirituais a quem dele se usar, não acarreta prejuízos aos símbolos da Santa Ceia, e não representa ameaça a unidade da igreja. Este último argumento em minha opinião nem pode ser usado já que nem consideramos membros de outras denominações como irmãos, o corpo de Cristo é um só, renegar os nossos irmãos interdenominacionais é como se partíssemos o corpo do Mestre, é desprezar a unidade da Igreja de Cristo – que não é composta de paredes, mas dos crentes em Cristo Jesus.

Conclusão como químico: o risco de contrair doenças pelo compartilhamento do cálice é real, e certamente acontece, porém, algumas doenças são consideradas tão simples, que geralmente os infectados não a correlacionam com a Santa Ceia, porém, existem doenças mais complexas, que se não forem diagnosticadas precocemente podem causar seqüelas e até mesmo o óbito.


Conhecer todos os riscos e ignorá-los é uma atitude irresponsável, de nada adianta os governos adotarem programas que visem a eliminação dos riscos a doenças, se instituições/cidadãos conscientes voluntariamente se expõem as praticas sanitárias abaixo do padrão e que lhes oferecem riscos.

Informações sobre o autor: Este estudo foi elaborado por um servo de Jesus Cristo, auxiliar de jovens e menores da Congregação Cristã no Brasil, um profissional da área química, reconhecido pelo Conselho Federal de Química (habilitado pelo Conselho Regional de Química da 4ª Região).

Referencias bibliográficas / Saiba mais http://www.sbb.org.br/interna.asp?areaID=23&PagAtual=2&v=1&l=42&c=22&vs=&p=1
http://revista.uepb.edu.br/index.php/pboci/article/view/200/147
http://books.google.com/books?id=9MIZEhXWJngC&pg=PA96&lpg=PA96&dq=unico+calice+santa+ceia&source=web&ots=jUqw5DW3hH&sig=_aCqGgsoh96GB_Hwq9DjRTBAdI0&hl=pt-BR&ei=GgqXSZXcNZicNZrylY4M&sa=X&oi=book_result&resnum=9&ct=result#PPA96,M1
http://www.agencia.fapesp.br/materia/3475/especiais/doenca-de-chagas-via-oral.htm
http://www.manualmerck.net/?url=/artigos/%3Fid%3D204%26cn%3D1667
http://www.campinas.sp.gov.br/saude/dicas/manual_creche/13.htm
www.cca.ufscar.br/lamam/disciplinas_arquivos/aula10_controle.ppt
http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/historia_02.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Autoclave
http://www.portalevangelico.pt/noticia.asp?id=2768
http://www.irmaos.com/consultorio/index.php?id=73
http://www.estudos-biblicos.com/ceia.html
Fonte: http://examinetudo.blogspot.com



Arquivo/PortalCCB/052008